quarta-feira, 30 de março de 2011

"Todo grande progresso da ciência resultou de uma nova audácia da imaginação." (John Dewey)

PEÇA TEATRAL NO RJ DISCUTE PESQUISAS CIENTÍFICAS EM SERES HUMANOS

As várias facetas da pesquisa científica em seres humanos deixa os meios acadêmicos e chega ao Rio em uma montagem teatral que acontece no Museu da Vida a partir desta sexta-feira.
"Sangue Ruim" acompanha a história dos personagens Clare, britânica que coordena um estudo na África com mulheres grávidas portadoras do vírus HIV, e Patrice, africano que se aproximada de Clare para estudar inglês, mas que salienta o contraste entre os mundos onde vivem.
Com texto escrito por Paul Sirett, a peça tem entrada franca e será apresentada às terças e quintas-feiras, em dois horários --10h30 e 13h.
Na estreia, "Sangue Ruim" será apresentada excepcionalmente na próxima sexta-feira, às 14h.
SERVIÇO
MUSEU DA VIDA
QUANDO Estreia na sexta (1º/4), às 14h; depois às terças e quintas-feiras, às 10h30 e 13h
ONDE Av. Brasil, 4.365, Manguinhos, zona norte, Rio
QUANTO Entrada franca
TEL. 0/xx/21/3865-2193

Ex-vice-presidente José Alencar morre aos 79 anos.

O ex-vice-presidente da República, José Alencar, morreu no início da tarde desta terça-feira, no Hospital Sírio-Libanês, aos 79 anos, após intensa luta contra o câncer que o acompanhou por quase 14 anos e marcante presença como fiel escudeiro do presidente Lula durante dois mandatos completos (2003-2006 e 2007-2010).
José Alencar foi membro escoteiro na década de 40. Em sua luta contra o câncer disse aos jornalistas na saida do hospital que aprendeu a sorrir nas dificuldades dentro do escotismo.

- O fundador do escotismo, Baden-Powell, ensina que “o escoteiro sorri na desventura”. Não é brincadeira o câncer. Mas estamos lutando.

O Ex- Vice Presidente Jose Alencar foi agraciado com a medalha de Gratidão grau OURO da UEB. 
Pelo elevado “Espírito Escoteiro” que demonstrou frente ao Governo da República, nos seus empreendimentos particulares e principalmente pelo exemplo de dignidade que deu ao Brasil e ao Mundo por ocasião do momento difícil de sua vida, nós do  34º Distrito Escoteiro Serra da Mantiqueira oferecemos aos familiares nossas condolências.

terça-feira, 29 de março de 2011

"O café é a bebida que desliza para o estômago e põe tudo em movimento." (Honoré de Balzac)

 DNA DE CAFÉ BRASILEIRO ABRE CAMINHO PARA MELHORAR A BEBIDA

A chave para produzir um café ainda mais saboroso do que o disponível hoje provavelmente está no DNA de um dos ancestrais do cafeeiro, uma plantinha desprezada pelos agrônomos por ser frágil e difícil de cultivar.
É justamente essa espécie, a Coffea eugenioides, a responsável por legar aos frutos do cafeeiro mais cultivado comercialmente as características mais cobiçadas, como o alto teor de açúcares.
Num estranho caso de dupla personalidade biológica, os genes da C. eugenioides ainda se manifestam de forma independente no organismo da planta cultivada.
Isso porque o C. arabica, cafeeiro mais comum no planeta hoje é um híbrido, resultado do cruzamento natural entre a C. eugenioides e outra espécie, a C. canephora, há cerca de 1 milhão de anos.
"Sabe quando a gente diz que Fulano tem os olhos da mãe e o nariz do pai? É mais ou menos isso, só que depois de um número muitíssimo maior de gerações", explica Gonçalo Guimarães Pereira, pesquisador da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Pereira é um dos autores de dois mapeamentos recentes sobre os genes ativos no C. arabica e no C. canephora, junto com Ramon Vidal (também da Unicamp), Jorge Mondego, do Instituto Agronômico de Campinas, e David Pot, do centro de pesquisas francês Cirad.
Já era esperado um considerável grau de esquisitice no genoma do C. arabica. É que quando as duas espécies "mães" da planta se cruzaram há cerca de 1 milhão de anos, o material genético do vegetal-filho foi duplicado.


CÓPIAS DE CROMOSSOMOS 
Em vez de duas cópias de cada cromossomo, como ocorre com os seres humanos, o genoma do C. arabica tem quatro cópias de cada cromossomo. "Só que a diferença de origem se manteve. É como se houvessem dois subgenomas", diz Pereira.
Esse fenômeno se manifesta até no nível dos tecidos da planta --é como se boa parte dos frutos derivasse apenas da "receita" presente numa das espécies ancestrais, enquanto as raízes viessem da outra espécie-mãe.
No caso, a maneira como a planta comercial processa moléculas como carboidratos e alcaloides parece depender, em grande medida, da C. eugenioides.
Isso não é mera curiosidade: se quiserem plantas com mais qualidade, os produtores muito provavelmente vão precisar cruzar suas variedades com a planta. "E hoje ela é totalmente negligenciada. Para achar um exemplar aqui no Brasil foi um custo", diz Pereira, brincando que ela "é praticamente um matinho".
Para o especialista, o conhecimento pode dar um empurrãozinho na qualidade da safra cafeeira do Brasil, que hoje produz poucos cafés considerados mais finos.
As pesquisas estão nas revistas científicas "Plant Physiology" e "BMC Plant Biology". A equipe recebeu apoio do Consórcio Pesquisa Café e da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).


segunda-feira, 28 de março de 2011

Como funciona uma USINA NUCLEAR?

Dá para simplificar o sistema assim: o coração dessas usinas, o reator nuclear, usa a energia contida no interior do átomo para, simplesmente, ferver água. Daí para a frente, tudo funciona como em uma usina a vapor qualquer, movida a carvão ou petróleo: o vapor d’água gira uma turbina, que movimenta um gerador, produzindo energia elétrica. A primeira usina nuclear do mundo foi inaugurada em 1954, em Obininsk, na antiga União Soviética. Hoje, esse tipo de tecnologia fornece 17% da energia elétrica do mundo. Uma vantagem das usinas é que podem ser construídas em qualquer lugar – não dependem, por exemplo, de um rio, como as hidrelétricas. Além disso, o combustível que move as usinas nucleares – em geral, o urânio – é abundante e bastam alguns quilos para gerar uma energia equivalente à queima de um prédio de cinco andares cheio de gasolina. A principal desvantagem são os diversos tipos de resíduos e materiais radioativos que elas produzem.
Esse chamado "lixo nuclear" precisa ser armazenado cuidadosamente, pois oferece riscos de contaminação durante centenas de anos. Outro problema são os acidentes. Os casos mais conhecidos são os das usinas de Three Mile Island, nos Estados Unidos, em 1979, e de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986. "O tipo de reator usado no Brasil, nas usinas Angra I e Angra II, é o mais seguro de todos. Nunca se registrou nenhum acidente com ele", diz o engenheiro José Itacy Nunes, da Eletronuclear, empresa sediada no Rio de Janeiro que administra as usinas. Que continue assim!

Do urânio à energia elétrica

No reator de Angra II, a água radioativa é aquecida a 320 ºC

Proteção total

Quatro tipos de barreiras evitam que a usina contamine o ambiente
Edifício do reator
Em forma de cúpula, é feito de concreto reforçado para resistir a colisões e ataques
Parede de aço
Tem três centímetros de espessura e impede que materiais radioativos escapem em caso de acidente
Vaso de pressão
É a primeira embalagem de segurança para proteger o núcleo do reator. O de Angra II tem paredes de aço de 25 centímetros de espessura
Blindagem radiobiológica
Essa parede de concreto e chumbo, com 1,5 metro de espessura, barra os raios gama e os nêutrons que eventualmente possam vazar


Núcleo do reator
Nele estão as pastilhas de urânio acondicionadas em uma série de barras e mergulhadas na água. É aqui que acontece a fissão nuclear (veja o quadro abaixo, à direita)
Circuito primário
A água que corre por esse circuito é altamente radioativa e mantida a uma temperatura de 320º C
Pressurizador
Uma bomba elétrica mantém a água radioativa em alta pressão. Por isso, mesmo estando muito quente, ela não evapora
Gerador de vapor
Aqui, o calor da água radioativa é usado para aquecer o circuito secundário da tubulação. Assim, a água que passa nesse segundo circuito, sob pressão normal, vira vapor

Boliche explosivo

O processo de fissão nuclear começa com o choque entre partículas microscópicas
A energia que move essas usinas tem início após uma fissão nuclear, quando um átomo de urânio-235 é atingido por um nêutron. O resultado do choque é que o átomo se parte em dois grandes pedaços e ainda sobram mais dois ou três nêutrons soltos. A soma dos dois pedaços do átomo mais os nêutrons soltos dá uma massa menor do que a do urânio original. Essa diferença é transformada em energia. Como diz uma famosa fórmula física, a energia é igual à massa vezes a velocidade da luz ao quadrado (E = mc2). Isso significa um tremendo fornecimento de energia, pois a velocidade da luz é de mais de 300 mil quilômetros por segundo! Fora isso, os nêutrons restantes voltam a esbarrar em átomos de urânio e o processo continua.


domingo, 27 de março de 2011

"Palhaceata"

 Palhaços fazem passeata a favor do riso na Paulista, em SP
A avenida Paulista (centro de São Paulo) recebeu neste sábado uma passeata inusitada de palhaços e uma distribuição de narizes vermelhos --a "Palhaceata". 
O encontro, realizado pela sexta vez, marca o Dia Mundial do Teatro e o Dia Nacional do Circo, e também aconteceu simultaneamente em Manaus (AM), Juazeiro do Norte (CE), Lavras (MG) e Itumirim (MG).
O ato convida a população a pensar sobre "como tudo na vida é risível", explica um dos organizadores, Carlos Biaggioli.
Ele defende que o humor seja "pensado sistematicamente" devido a sua importância social. "A pessoa que se leva demais a sério é propensa ao câncer, a crimes de diversos níveis, a atitudes ditatoriais e anti-humanas", provoca. "Pode parecer bobagem, mas no fundo no fundo é bobagem", brinca.
Segundo Biaggioli, a categoria hoje "habita um vão entre o teatro e o circo". Nessa relação, alguns se identificam mais com o palco, outros com o picadeiro e um terceiro grupo se descola desses outros e faz uma forma de arte voltada para as ruas.
Todos esses tipos de palhaços possuem, de acordo com Biaggioli, o mesmo objetivo: impulsionar a sociedade para refletir sobre suas falhas de maneira leve.
"O erro, o atrapalhamento, a inadequação, essa é a força que o palhaço tem. E mostra aí toda a humanidade do ser humano", conclui.


A Hora do Planeta

Moradores de diversas cidades brasileiras apagaram as luzes na noite deste sábado para participar da campanha ambiental Hora do Planeta.
A ação é uma mobilização mundial para conscientizar a população sobre o aquecimento global e a necessidade de se preservar o ambiente.
Entidades e prefeituras também aderiram à campanha e cortaram a iluminação de monumentos. Ficaram às escuras a partir das 20h30 o Cristo Redentor, no Rio, e a ponte Octavio Frias de Oliveira, em São Paulo.
No Brasil, o primeiro minuto da Hora do Planeta foi de silêncio, em homenagem às vítimas do terremoto e do tsunami que atingiram o Japão e às famílias atingidas pelas enchentes no Rio de Janeiro e em outros Estados.
O Rio, que participa pela terceira vez da campanha, é a sede do evento no Brasil e, além do Cristo, apagou as luzes dos arcos da Lapa e da orla da praia de Copacabana.
Outras 18 capitais, como Brasília, Curitiba e Salvador, também anunciaram ter aderido à Hora do Planeta apagando a iluminação de monumentos famosos.
A organização ambientalista WWF (sigla em inglês de World Wildlife Fund), responsável pela iniciativa, estima que serão mais de 4.000 cidades de 130 países do mundo a apoiar a campanha. No Brasil, são 123. 


sábado, 26 de março de 2011

"Para viajar basta existir." (Fernando Pessoa)

BIOGRAFIA BRASILEIRA DE FERNANDO PESSOA REVELA NOVOS HETERONÔMIOS!

José Paulo Cavalcanti Filho tinha um objetivo quando iniciou sua biografia de Fernando Pessoa (1888-1935): descobrir quem era o "homem real" por trás do grande poeta português.
Após oito anos de pesquisa, o autor e advogado pernambucano acabou deparando-se não com um, mas com 127 "Pessoas".
É esse o número de heterônimos do poeta catalogado pelo livro "Fernando Pessoa: Uma (quase) Biografia", que Cavalcanti lança agora.
As múltiplas personas de Pessoa vão muito além de Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos, e superam também o que pensavam os especialistas.
Cavalcanti cita no livro que, no início dos anos 1990, eram conhecidos 72 heterônimos de Pessoa. O livro acrescentou 55.
O conceito de heterônimo que adotou é amplo e não se restringe à definição padrão: "nome imaginário que um criador identifica como o autor de suas obras e que apresenta tendências diferentes das desse criador".
Inclui todos os nomes, tendo estilo próprio ou não, com os quais o poeta assinou seus textos. A decisão pode ser contestada, mas a intenção de Cavalcanti nunca foi fazer uma biografia convencional.
As excentricidades já começam pelo subtítulo: "Uma (quase) Autobiografia".
O autor refere-se ao trabalho como o "livro que escrevi com meu amigo Pessoa".
A "amizade" é das mais antigas. Começou em 1966, quando Cavalcanti leu "Tabacaria", um dos principais poemas do autor.
A partir daí, viria a montar umas das principais coleções sobre vida e obra de Pessoa.
O poeta deixou mais de 30 mil páginas com anotações sobre si mesmo, literatura, família e fatos cotidianos.
Cavalcanti usou tantos trechos que chega a dizer que seu livro tem "mais frases de Pessoa do que minhas".
"Mas não se trata", explica, "de Pessoa falando sobre si, é a palavra de Pessoa falando sobre ele. Ou melhor: é o que quero dizer, mas por palavras dele".
Cavalcanti foi ainda além: para dar unidade estilística ao texto, tentou escrever como Pessoa.
Reduziu os adjetivos e adotou outro hábito dele: o uso, em média, de três vírgulas antes de um ponto final.


SEM IMAGINAÇÃO
Durante a pesquisa, Cavalcanti foi até quatro vezes por ano a Portugal. Leu centenas de documentos e entrevistou parentes e pessoas que conviveram com Pessoa.
Dessas andanças, saiu com a certeza de que o poeta é o autor "menos imaginativo" que existe.
"Tudo o que escreveu estava realmente à volta dele. Não tinha nada inventado."
Como exemplo, cita "Tabacaria". O poema menciona cinco personagens e Cavalcanti revela que todos realmente existiram e eram próximos do poeta.
Quando se trata de Pessoa, contudo, nem tudo é claro. "Sabes quem sou eu? Eu não sei", já advertia o poeta.
Sobre sua vida sexual ainda paira uma imensa dúvida. Teria sido gay? Cavalcanti acha que sim, embora não existam provas.
Também não há certeza sobre se teria ou não transado com Ophelia, seu mais conhecido relacionamento (Cavalcanti pensa que não foram além de beijos ardentes e leves toques nos seios).
Cultivar mistérios, ao que parece, fazia parte do estilo de Pessoa, e isso também Cavalcanti tentou incorporar.
O poeta tinha por hábito, diz o biógrafo, embaralhar as datas. O heterônimo Alberto Caeiro, por exemplo, morreu em 1915, mas há textos datados de 1930 atribuídos a ele.
No prefácio do livro, Cavalcanti também colocou uma data futura: 13/6/2011. Dupla homenagem, já que Pessoa nasceu nesse dia, em 1888.